O duplo hype da IA | NTT DATA

ter, 02 setembro 2025

O duplo hype da IA: da IA Generativa à Agentic AI

 

Nas últimas semanas, o debate sobre a precisão do modelo GPT-5 da OpenAI voltou a reacender as conversas sobre IA. Algumas vozes questionam se representa um avanço disruptivo ou se seu impacto está sendo superestimado. Um reflexo preciso do que ocorre com todo o mercado: quando o entusiasmo é excessivo, o risco de decepção se multiplica.

Nos últimos dois anos, a IA Generativa (GenAI) atravessou um dos ciclos de expectativas mais intensos e acelerados da história da tecnologia. Sua capacidade de transformar a criação de conteúdo, a produtividade e até os modelos de negócio parecia não ter limites. E, ao contrário de outras inovações, quase não houve tempo para atravessar o famoso “vale da desilusão” do Hype Cycle do Gartner. Antes de a onda baixar, chegou outra maior: a dos agentes de IA.

Hoje, praticamente tudo o que é lançado no mercado recebe o rótulo de “agentic”. Tanto grandes empresas de tecnologia quanto startups emergentes reforçaram ainda mais suas apostas. Enquanto a IA Generativa prometia revolucionar a maneira como trabalhamos, os agentes de IA oferecem algo mais ambicioso: repensar como as empresas operam como um todo. Por que nos limitarmos a automatizar os processos atuais se podemos transformar por completo as cadeias de valor?

Ajuste, realismo e consolidação

Sem ter percorrido a curva de maturidade da IA Generativa, com seus aprendizados, fracassos e sucessos reais, propõe-se uma segunda montanha-russa ainda mais íngreme. Mas a experiência nos diz que nenhuma tecnologia alcança seu verdadeiro impacto sem antes passar por fases de ajuste, realismo e consolidação. O risco é evidente: a onda de desconfiança pode surgir diante da primeira decepção, o que implicaria reduzir orçamentos e frear iniciativas estratégicas no momento em que mais se precisa construir capacidades internas.

Por isso, devemos distinguir o hype passageiro das forças que de fato impulsionam o futuro. O potencial da Agentic AI é real. Talvez seu impacto não se materialize tão rapidamente quanto alguns defendem, o que pode demandar uma fase de correção nos próximos meses; ainda assim, a direção está claramente definida. No desenho de processos de negócio, na operação de cadeias de valor globais e na construção de ativos digitais para gerar diferenciação diante de clientes e concorrentes, os agentes inteligentes promoverão uma transformação real.

Os casos de uso práticos para a transição do plano teórico ao operacional tornam-se cada vez mais frequentes. Pensemos, por exemplo, em agentes capazes de coordenar sistemas heterogêneos para executar tarefas administrativas complexas de ponta a ponta em operações de back office. Ou em agentes de atendimento ao cliente que, além de responder a consultas, podem tomar decisões, escalar incidentes e personalizar interações em tempo real. Ou em casos dedicados à cadeia de suprimentos que antecipam interrupções logísticas, realizam negociações com fornecedores e recomendam ações corretivas.

Cada um desses casos ilustra que não se trata de “chatbots avançados”, mas de uma camada de inteligência operacional que muda a dinâmica de valor dentro das organizações.

O futuro é agentic

Mesmo diante de críticas negativas, a recomendação para as grandes empresas é clara: é necessário continuar investindo. Agentic AI é uma metamorfose tecnológica e empresarial sem volta. É essencial ir além das promessas abstratas e direcionar esforços para casos de uso concretos, com impacto real nos negócios, sempre sustentados por uma base sólida de governança para os agentes.

Isso inclui qualidade e gestão dos dados (RAG, embeddings, chunking, context management), definição de limites e medidas de proteção, políticas de segurança para controlar sua autonomia sem perder confiabilidade nem conformidade regulatória, além de mecanismos de supervisão humana nos ciclos de decisão estratégicos.

O futuro será agentic, mas não será construído por ondas de hype, e sim com visão estratégica, disciplina e uma governança sólida.

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