Inovação nos Seguros: O que (ainda) falta transformar | NTT DATA

seg, 18 agosto 2025

Inovação nos Seguros: O que (ainda) falta transformar

A transformação digital no setor segurador deixou de ser um conceito aspiracional. Hoje, tecnologias como inteligência artificial, sensores ou plataformas modulares são realidade — ou pelo menos presença constante nos discursos estratégicos. Mas é precisamente por isso que se impõe uma pergunta desconfortável: 
Que impacto real está a ter toda esta inovação? 

A distância entre promessa e prática continua a ser grande. 

1. Transformar não é digitalizar processos antigos

Muitos projetos tecnológicos limitam-se a automatizar o que já existe — mais rápido, mais limpo, mais “app-friendly”. Mas a transformação exige mais do que isso: implica questionar estruturas, canais, e até o papel da seguradora. 

Será que a mediação funciona como devia? Porque é que continuamos a gerir risco reativamente? A inovação útil começa por fazer estas perguntas. Sem elas, digitalizamos a burocracia, mas não resolvemos o essencial. 

2. Onde estão os resultados mensuráveis?

A maturidade da inovação mede-se em indicadores tangíveis: 

  • Redução de sinistros com base em alertas preventivos; 
  • Maior retenção de clientes com modelos preditivos; 
  • Diminuição de fraudes ou aceleração dos reembolsos com IA. 

É perfeitamente possível medir tudo isto. A questão é: estamos a fazê-lo? Se não houver métricas claras, o risco é tratar a inovação como um fim em si mesma — quando devia ser um meio. 

3. Ecossistemas: do produto ao contexto

O seguro está a deixar de ser um produto isolado e a tornar-se parte de ecossistemas mais amplos: mobilidade, habitação, saúde, bem-estar. Isso obriga as seguradoras a pensarem fora das suas fronteiras — integrando-se em jornadas de vida, não apenas em eventos de risco. 

Este caminho é inevitável. E é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e uma ameaça: quem não se adaptar, ficará para trás. 

4. Tecnologia exige talento — e cultura

Comprar software não transforma empresas. O verdadeiro motor da mudança está nas pessoas. 
É preciso formar equipas, mudar mentalidades, construir novas linguagens entre TI e negócio. Transformar é tão cultural quanto tecnológico. Sem isso, até a melhor plataforma falha. 

5. Confiança: o novo ativo crítico 

A personalização que a tecnologia permite só será aceite se houver confiança. O cliente quer mais prevenção e mais relevância — mas só cede os seus dados se sentir que há transparência, segurança e benefício mútuo. 

O desafio dos próximos anos será este: como equilibrar inovação com ética, velocidade com responsabilidade? 

Conclusão

O setor segurador tem feito progressos consistentes na adoção de novas tecnologias e modelos operacionais. Os fundamentos estão lançados. O próximo passo será consolidar essa inovação de forma estruturada, mensurável e próxima do cliente — garantindo que a transformação não se esgota na intenção, mas se traduz em valor real para todos os envolvidos.